sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O casamento

Casamento nunca foi palavra que me fizesse vibrar.
Nunca, nem mesmo em menina, perdia muito tempo a fantasiar com o vestido, a festa, a entrada na igreja, os convidados, o local... e com o passar dos anos, com o distanciamento da religião da minha vida, esse pensamento sofreu uma reviravolta, ficando quase esquecido.
Já a meio dos vinte apaixonei-me um rapaz americano, pai solteiro, que programou ao fim de uns meses e a milhares de kilometros de mim, casar-se comigo.
Claro que não fui indiferente ao facto e ponderei aceitar. Mas a distancia era por demais e teria de abdicar totalmente da minha família. Não era uma resposta a dar de animo leve. 
Mas felizmente não tive de chegar a isso, pois a relação não resistiu ao longo Oceano Atlântico.
Restou o anel de noivado, que guardo com muito carinho. E guardado com ele ficou novamente a ideia de casar.
É romântica? Sim.
Não é o facto de me "prender" a alguém que me assusta. Pois não tenho qualquer medo disso. Só não vejo a necessidade de um papel que ás vezes só vem prejudicar, mesmo a melhor das relações.
Com o Laranjnha (ainda se lembram dele? Esse sim, agora casado e com um filho!) o amor era louco, assim como a relação e nunca me passou sequer pela cabeça poder unir-me matrimonialmente a ele. Acabávamos de certo, os dois num hospício!!
Amava-o perdidamente. Mas tinha a perfeita noção que não éramos feitos um para o outro. E fomos o exemplo perfeito de que nem sempre o amor é suficiente.
Mas e o que acontece quando encontramos a cara metade? Aquela peça que encaixa na perfeição? Aquele homem que é companheiro, amante, irmão, o nosso melhor amigo, conselheiro? Aquela relação em que nada é forçado. Em que olhas para ele e desejas do fundo do teu coração, ter o privilégio de o fazer todos os dias para todo o sempre? Em que vês nele o pai dos teus filhos, aquele com que sempre sonhaste?
Sim, porque a vida ensinou-me que não é no óbvio, que encontramos a felicidade, Que não é no estereótipo de pessoa que criamos que está a raiz do nosso sorriso. 
Ele apareceu na minha vida do nada. Do nada entrou nela. E não voltou a sair. E não há nada que mais queira neste momento senão que nunca o faça.
E assim, romanticamente apaixonada, olhei para ele à uns dias atrás, (quando me apercebi que o sentimento tinha evoluído para algo bem mais profundo do que a paixão) e pensei que até gostava de o ter como marido.
Não pelo papel, não pela festa, não pelo apelido (que por acaso até já o tenho), mas sim, pelo orgulho que teria, em tê-lo como marido. E isso, sim acho que é amor. 
Ele é perfeito? Não, longe disso. Mas é perfeito para mim, com todas as suas imperfeições. Mas sempre com a humildade de as assumir e corrigir. É um ser humano, que julguei já nem existir. É amigo, sem esperar nada em troca. Como não poderia eu ter orgulho em tê-lo como "meu"?
Continua a não ser prioridade, o casamento. Mas agora, neste momento, depois deste sentimento lindo que a vida me ensinou e me deu o privilegio de experienciar, consigo entender o seu porquê.
É o passo seguinte quando realmente se ama alguém. 
Não é o necessário para começar uma vida a dois. Mas é mais uma forma, de amar um pouco mais.

2 comentários:

  1. Lindo.. o texto e a paz de espirito e tranquilidade que transmite!! É exatamente isso que um casamento deve ser.. mesmo não sendo necessário. E ainda bem que tudo corre bem...

    ResponderEliminar
  2. Or anem mais :) Se sentes que ele merece, porque não ?

    ResponderEliminar