Quando era adolescente era uma optimista. Achava que todos os meus sonhos e desejos se ia tornar realidade e que teria um papel fundamental no mundo, que de alguma forma o iria mudar ou pelo menos marcar.
À medida que fui entrando na idade adulta, com os dissabores e vicissitudes da vida, esse optimismo foi-se aos poucos evaporando. Até que com os golpes mais profundos do meu fado esse optimismo, utopia e idealismo desapareceram de vez. E a menina imparável e sorridente que vivia dentro de mim, fechou-se pessimista, numa arca, durante alguns anos.
Enquanto lá esteve, descobriu imenso, amadureceu, cresceu, valorizou-se e voltou a amar. E tal como em tempos, aos poucos perdeu as suas cores, foi assim que as ganhou de volta. Lentamente, com avanços e recuos, com muito medo com alguns contratempos, mas sempre com muita força de prosseguir.
Hoje, adulta resolvida sou realista. Já não vejo o mundo por aquelas lentes cor de rosa dos 14 anos, mas voltei a acreditar na felicidade, na bondade, na amizade e recentemente no amor.
Ás vezes, naqueles dias mais sombrios, o pessimismo mostra a sua carantonha e eu regresso àquela arca. Mas deixo uma frinchinha aberta, para alguém me poder resgatar de lá. Sim, porque agora o caminho tenebroso, não tem que ser percorrido sozinha: por vezes tenho a ajuda da menina de 14 anos, outras da de 32 e muitas vezes daqueles foram pacientemente tentando abrir a arca, tábua por tábua.
A tranquilidade na vida é um processo pessoal, uma escadaria que se sobe sozinho. Mas quando se chega ao topo, a vista e tudo o que se pode lá encontrar, vale todo o esforço.
Há 8 anos
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