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Amanhã faço anos. E pela primeira vez, desde que me lembro não os quero nem fazer, nem festejar.
Não porque já pesam ou não me sinta com 34. Mas porque sei que nunca me irei sentir tão feliz, tão completa, como no ano passado.
Não só tinha toda a família que sempre conheci, unida, em minha casa. Mas como tinha a minha filha de meses, o fantástico homem que amo, com quem a fiz e a minha nova família, os meus sogros.
Estava feliz. A ouvir as suas vozes em uníssono, a partilhar as suas gargalhadas, a oferecer-lhes a comida com tanto amor cozinhada para eles.
Este ano, tenho lágrimas e uma família fracturada, desmembrada, á qual foi tirada o coração, sem dó nem piedade.
Não quero canções, não quero brindes, não quero aquele lugar vazio á mesa.
Porque o que me tornaria completa novamente eu não posso ter...
Aproveitem por isso, enquanto têm quem amam ao vosso lado. Pois só assim a vida vale a pena ser celebrada.
O tempo não cura a ausência, não atenua a saudade, não apresenta o conformismo.
A tua partida continua sem fazer sentido da minha cabeça e o meu coração continua lacerado, pela falta da tua presença, da tua amizade.
Onde estarás? O que farás? Vens-nos ver?
Desde que partiste, por vezes quando estou só sinto-te lá e quase ouço o teu doce sussurro. Travo diálogos na minha cabeça contigo e quase te faço um diário, em conversa.
Ouves-me? Sentes o meu amor ainda e para sempre latente?
Gostava que estivesses perdido, para te poder procurar. Gostava que estivesses apenas de férias, para poderes voltar. Mas não, estás morto...morto (repito para me capacitar) e nada vai mudar isso. Não é um estado temporário, como a varicela, uma paixão ardente ou soluços. Partiste para sempre, estas morto, deixaste-nos e nada vai mudar isso.
E o nada, o nunca, o jamais são palavras tão duras, tão eternas, tão incontornáveis.
Se houvesse uma solução, uma maneira...
O que eu não dava para te abraçar, para me despedir correctamente, para te ouvir e sentir uma última vez.
Amo-te muito, meu rei.
E lembrar-me-ei de ti sempre com a dignidade que nunca perdeste.
A tua filha
(ou o que resta dela)