Mais uma chapada da vida

Quando acordei hoje, em Angra do Heroísmo, as 05h15, muito antes do despertador (mal programado) tocar, nunca pensei que fosse ter um dia tão triste.
Pela insistência com a qual a minha mãe me telefonou, perto da hora do almoço vi que algo estava mal. Nunca queremos acreditar. Interpretamos, pelos sinais, mas nunca queremos crer que a insistência de telefonemas (típicos das mães), algum dia vão realmente significar que algo de errado se passa.

Eu não tenho sorte na vida. Não tenho. Sou boa demais e deixo entrar todo o tipo de pessoas na minha vida, nunca achando que estas me magoarão.O que os outros tem com facilidade eu tenho que batalhar muito para la chegar. O que os outros tomam como dado adquirido, eu sobre valorizo. Talvez por já ter passado por tantos dissabores.

Hoje doeu.

A minha "menina", Mel foi levada para o hospital veterinário cheia de dores. Deixou de comer, deixou de se mexer e a família levou-a ao hospital. Desconfiam que seja uma hérnia discal, mas como a Mel, `e um caso medico único e como toma cortisona, desde bebe a situação agrava-se. Pode ser um diagnóstico simples, descoberto através de analises básicas, não evasivas ou pode ir ao ponto de lhe terem de remover uma amostra do liquido protector do cérebro, com anestesia local. O que para ela, `e um grande risco.
Existe ainda um exame, em que um liquido colorido lhe `e injectado na coluna. Se a Mel for alérgica, terá convulsões. A Mel sofre de alergias cronicas!!

O pensamento de ficar sem ela, mata-me. E o facto de isso acontecer comigo ausente, sem me conseguir despedir, esta-me a roer por dentro.
Não queria estar aqui. Não queria que ela estivesse la sozinha, a sofrer, fechada num cubículo e sem uma cara conhecida, para apaziguar a dor.
Nos compreendemos quando estamos hospitalizados, compreendemos o que se passa. Que custa estar ali, mas que tem de ser. Eles não.

Só quem tem um animal de estimação, entende como me sinto. Entende a nossa necessidade de permanentemente os proteger. Porque eles confiam em nos para isso. E as vezes por motivos de forca maior, nos não estamos la, falhamos. E quem me dera não ter de o fazer.
Largaria tudo e sairia já daqui se pudesse.
Quando a Mel, cheia de doenças, falhas e carência de atenção, entrou na minha vida, vi isso como uma oportunidade de fazer bem. Sabia que nas mãos, de outra pessoa qualquer não resistiria. Tenho dado o meu melhor, tanto a nível monetário, como de carinho e dedicação. E logo nesta altura, que estou ausente em trabalho, que ela mais precisa de mim, eu não estou la.

Se a perder, não me perdoarei.