Está inconformado, como eu ainda me encontro.
E após ter passado anos, preocupada se estavas quentinho, bem agasalhado. Penso em ti hoje, num buraco de terra molhada. O meu lado racional sabe que já não sentes, que já não te afecta. Mas o meu lado emocional tinha vontade de levar uma manta e estende-la sobre a tua campa, para te trazer, de alguma forma, aconchego.
Deixaste-nos faz hoje uma semana. E a saudade é imensa. O vazio e a dor mantêm-se. Pouco mudou:continuo a chorar todos os dias, continuo apática ao mundo á minha volta, continuo a querer pegar no telefone e falar contigo. A tua camisola ainda está na minha cama, os teus objectos pessoais ainda pousados na cómoda.
Penso no teu doce olhar, ultimamente muito cansado. Na tua voz e sensatas palavras, no toque e cheiro da tua pele, em ti. E não acredito. Não sei como recomeçar, como entrar na rotina e nas conversas banais, como sorrir. Parece-me um caminho tão longo a percorrer.
Não tenho fé, nem sou crente em nenhum religião ou entidade, por isso só me resta agarrar á minha filha, ir buscar a ela as forças que preciso para sair da cama, para comer, para pelo menos...sobreviver.
Parece-me tão em vão viver, se nunca mais partilharei nada contigo.
Amo-te, paizinho.
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