segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Como se conserta um coração partido?

Há ainda muita magoa dentro de mim.

Talvez para muitos, 6 meses seja tempo suficiente para esquecer, para substituir, para refazer. Mas não para mim.
Aprendi a lidar com a ausência, com a tristeza, com a desilusão. Aprendi a lamber as feridas, em vez de as estar sempre a escarafunchar. Habituei-me a não olhar para elas, a ignora-las. Sei que estão la, especialmente quando me lembram, mas sou já capaz de viver (sobreviver) com elas.
Doeu muito. Muito para alem do que alguma vez tinha doido. Talvez porque tenha amado demais, tenha confiado e apostado demais.
Ainda não o perdoei. E duvido que tão cedo o faca. Levou grande parte de mim com ele: a minha esperança, a minha confiança cega e ingénua e muita da minha alegria e vontade de viver. Levou-me a alma e deixou a carcaça, que muitas vezes me sinto.

Antes dele, a minha casa era o meu porto seguro. Foi palco de paixões efervescentes, de um grande amor e de outras pessoas que nela entraram, tendo eu a esperança que me trouxessem aquilo que na altura me faltava. Mas todas elas saíram, deixando para trás, um grande vazio, uma solidão inimaginável e muitos fantasmas.
Nas semanas seguintes da minha ruptura com o R., a minha casa, que era em tempos o meu santuário, tornou-se no meu pior inimigo e o fantasma dele estava em todo o lado, o cheiro dele, cabelos e principalmente memorias. A minha casa viu uma paixão começar, florescer num grande amor e acabar de uma maneira muito feia. As boas e mas memorias que tinha (tenho) dele foram aqui vividas. E por isso, era para mim impossível estar cá dentro, sem sentir que a todo o momento, me espetavam farpas no coração. Deixei de comer na mesa, quando estou sozinha, `e um vazio muito grande no lado oposto. E ainda hoje, passados tantos dias e semanas, ainda não consigo ocupar o lugar dele, na cama.
Por isso, prometi a mim mesma, que depois dele,as memorias, aquelas que julgo que serão efémeras, serão feitas em solo neutro, fora de minha casa. Pois a dor que senti, não a quero nunca mais.

Sinto-me pronta para começar, a passinhos de bebe, a refazer a minha vida e quem sabe ate, a voltar a apaixonar-me. Começo já, a ver-me ao lado de outra pessoa que não ele, a pensar tocar outro corpo, que não o dele, a pensar dar o meu coração (ou o que restou dele) a outro. Mas esse alguém, vai ter de ter muita paciência, muita dedicação e muito carácter. Vai ter que me mostrar que esta la para ficar, que não me vai magoar e que vai ser forte, ate ao fim.
Pois eu estou seriamente descrente e danificada e apercebo-me disse hoje, melhor do que nunca.

5 comentários:

  1. Eu cá sou da opinião que seis meses é pouco tempo para se recuperar de algo tão intenso!! Um beijinho!

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  2. Pois eu sou da opinião que, por mais que custe, as recordações devem ser escondidas.

    Quando EU terminei com a minha relação de quase quatro anos, não deitei nada fora. O meu ex namorado fez-me o "favor" de me levar (sem pedir licença) a caixa grande onde guardava tudo. Fotografias, bilhetes, cartas, recordações, porcariazinhas sem importância para os outros mas maravilhosas para mim.

    Hoje até agradeço tê-lo feito. É certo que fui eu que terminei a relação, mas não a teria superado tão bem se continuasse com as cartas deles, as nossas fotografias, o perfume dele, tudo o que é dele guardado no meu armário.

    Está-me a parecer que precisas de mudar a casa. Quanto mais não seja, muda o modo como dispões os móveis. Faz qualquer coisa que faça com que a presença dele seja mais facilmente eliminada. :)

    Boa sorte.

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  3. Olá!

    Este texto retrata exactamente o que me vai na alma... Percebo-te muitíssimo bem :( !!
    Espero que corra tudo bem contigo a partir de agora.

    Um beijinho e boa sorte :)

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  4. Acho que não há prazos definidos para nada! :P
    As coisas acontecem quando menos se espera!!

    Muito boa sorte :)

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  5. Time heals everything and love conquers all... :)

    Beijo

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