sábado, 30 de outubro de 2010

Nas eleições niguem tem opinião, mas no teatro não se calam!

Quando me convidaram para ver a peça de teatro "Uma história de dois", que anda no Porto, no Rivoli, com a Teresa Guilherme, fiquei um pouquito céptica: a pessoa em questão, num palco...hmmm...um bocadito suspeito. Pensava eu que isso iria ser o problema principal.
A Teresa Guilherme esteve muitíssimo bem e o actor Guilherme Filipe, excepcional. O argumento era muito fraquinho e a piada relativa. Mas ok, dava para passar um bom bocado, sem puxar muito pelo miolo, relaxar e no fundo, uma boa maneira de ou acabar a semana ou de começar o fim de semana. Mas a verdade, é que sai de lá a ferver, a desejar ter escolhido outro dia para ir, envergonhada com falta de civismo português. E admiradíssima de como grande parte da nossa população não está preparada ou habituada a receber cultura. Mesmo da mais popularucha!
Mas passo a explicar: quem já esteve no Pequeno Auditório do Rivoli, sabe que é minúsculo, qualquer barulho pode perturbar os actores. Que para quem não sabe ou não parou para pensar nisso, têm um discurso decorado, um fio condutor que ao mínimo barulho é rompido. Na sessão de ontem, tocaram telemóveis, pessoas conversavam de um lado para outro da fila, riam como se não houvesse amanhã nas partes dramáticas e pior do que isso, algo que nunca na vida tinha visto, algo que para mim tocou o irreal, o surreal: o actor num monologo muito profundo e as pessoas a falarem alto com ele, a dar palpites sobre o que ele devia fazer, ou porque se sentia assim! Uma das vezes ele interagiu com o publico e foi o fim da picada: as pessoas nunca mais se calaram. Passaram de falar com os actores nos monólogos, para continuarem nos dialogo e especialmente quando estes estavam calados, para a sua própria voz ser ouvida. Comentários parvos, bocas brejeiras, referencias ao "Big Brother", enfim, tudo o que lhes vinha àquelas cabecinhas de minhoca!
 Fiquei embarassadissima por estar inserida num grupo de pessoas, que se esquece que outras estão a trabalhar! Porque não conseguem observar e absorver? Têm de comentar, "abandalhar", fazerem-se notar! Foi uma pouca vergonha! Já estive num palco muitas vezes e o que se passou a meu ver, foi um abuso!
Se estas pessoas acham que não conseguem ouvir um dialogo sem falar, que fiquem em casa, a ver a novela e a falar para o ecran! Assim não perturbam os actores, que estão a trabalhar, nem espectadores como eu, que gostam de apreciar o teatro em silencio, tal como é suposto ser apreciado!

1 comentário:

  1. Como a compreendo, querida amiga.
    Cidadania e educação já era. Hoje em dia, somos obrigados a ver e ouvir certos energúmenos aos quais devíamos enfiar-lhe algo pela boca abaixo. Eu bota de elástico confesso, não suporto os telelés. Então quando ando pela rua a ouvir as pessoas a comentarem a sua vida com outras e, depois a pedirem para não dizerem nada, pois só ouviram dizer. Vergonha ou novo riquismo? Não uso telelé.
    Quanto a tratar bem a AVOGI, só a ela cabe comentar como foi aqui tratada. Uma coisa confesso:- Tem sempre uma porta aberta nesta casa.
    Que venha por bem quem por bem vier. Todos são benvindos.
    Tenha um belo e sossegado fim de semana.

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