sábado, 16 de outubro de 2010

"Remembrance of things past is not necessarily the remembrance of things as they were."

Disse Marcel Proust.

Quando olho hoje, para onde, como e com quem estava o ano passado, neste preciso dia, tenho um misto muito grande de emocoes. Mas de certo (e isso `e seguro), já não consigo ver as coisas da mesma forma.
Vejo agora, muito a frio e depois de todas as situacoes dissecadas, que vivia num mundo de fantasia. O que me fazia sentir a mulher mais feliz a face da terra. E que apesar de compartilhar essa fantasia com alguém, vivia nela sozinha.
Agora consigo ver que nesta semana, a exactamente um ano atrás, nada era tão perfeito como parecia. De certo,o sol do México, toldou-me a visão.
Duas pessoas extremamente opostas, podem fazer uma relação resultar. Mas `e preciso haver muita maturidade, flexibilidade e forca de vontade de ambas as partes.
Quando olho para trás, sinto uma imensa frustração. E fico revoltada comigo mesma, por ter deixado, que em nome do amor, me tivessem tratado de maneira tão fria.
Lembro-me de entre vários, um episódio que me magoou muito e mostrou bem o carácter da pessoa com quem estava e que tanto amei: numa das excursões as civilizacoes Maya que fizemos, havia a possibilidade de fazermos o tour de bicicleta, ou numa charretezita, conduzida por um mexicano (por mais meia dúzia de pesos). Eu já não andava de bicicleta, a 15 anos e para não fazer figura de parva, pedi-lhe para ir comigo na charrete. Ao que ele se negou. Expliquei-lhe o porque, que já nem devia saber andar, que tinha vergonha, bla, bla, bla. Nada adiantou, porque o menino queria andar a todo o custo de bicicleta, como se não o pudesse fazer cá. La chegamos, parte foi para as bicicletas, alguns homens acompanharam as meninas que queriam ir nas charretes e eu fiquei sozinha, pois não tinha par para ir comigo, visto que eram preciso dois para a charrete. Nem assim, vendo-me sozinha e humilhada, ele desceu do seu cavalo branco (neste caso, da sua bicicleta azul), para se juntar a mim. Foi sem duvida, um dos momentos mais tristes e humilhantes da minha vida.
Mesmo assim, no dia seguinte, la estava eu, a preparar-lhe uma festa aniversário surpresa, a encomendar um bolinho, a comprar um postal, as escondidas para lhe escrever, para lhe dar juntamente com o bilhete para o concerto da sua banda favorita.
Como pude eu deixar as coisas chegarem a este ponto? E este exemplo `e muitooo pequenino, comparado com outros que vos podia dar. Mas isto foi só mesmo um desabafo, porque hoje `e um dia complicado.
Estou sozinha a mais de meio ano. E quando digo sozinha, digo mesmo. Nada de casos ou aventuras pelo meio. E para já não me consigo ver entregar de forma alguma, a ninguém. Perdi toda a confiança que tinha nas pessoas. Ainda não estou preparada!
Penso nele todos os dias, mas não sinto a falta dele. Sinto sim, falta do que me fez sentir. Acreditando contudo, que alguém um dia, o superara!
Hoje tenho um jantar a dois, seguido de um aniversário. E vou festejar! Estou viva, sou saudável, inteligente, gira, tenho uma família que me adora, e sei que mais cedo ou mais tarde, conseguirei voltar a amar. Não interessa quando. Lido bem com a vida sozinha. Só peco que quando isso aconteça, esteja bem longe do México, para o sol não me poder toldar novamente a visão.

Bom Sábado para todos!Passem-no com quem vos ama!

1 comentário:

  1. Entro pela primeira vez no teu blog e leio este texto. Sei como é sentirmo-nos sozinhas no meio da multidão. Sei como é sermos literalmente humilhadas e rejeitadas e voltarmos a estar lá na manhã seguinte. Mas tb sei que podemos voltar a amar e felizmente para nós, nunca mais da mesma maneira.

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